Born to be wild


Ontem, pela primeira vez depois que me separei, saí na noite .
Estive nos últimos sete meses enclausurado na rotina trabalho-faculdade-casa ou trabalho-casa, agora que estamos em férias. Cheguei a pensar, confesso, em fazer uma tonsura e passar o resto da vida tentando transcrever a mensagem de Ataxerxes para os demais mortais.
Aliás, para aqueles poucos que acompanham este blog e não compreenderam a suspensão das postagens, estas deram-se por esta pedra drummondiana que estava no caminho; estava resolvendo a vida antes de resolver que bobagens escrever.
Como qualquer separação, a minha não deu-se sem dor (ainda mais quando ela pegou o rolo de macarrão), mas os quase 19 anos de união por fim terminaram. Somos bons amigos e até nos ajudamos mutuamente (ela, por exemplo, afirma estar ansiosa para ajudar gastar meu dinheiro da pensão).
Hoje, sou um homem solteiro (ainda não no papel, mas já na ação), com tudo de bom que isso acarreta, principalmente poder roncar sem receber cutucadas nas costelas, coçar as frieiras sem ninguém olhar com nojo, observar uma bunda empinada passar sem medo de beliscão... essas pequenas coisinhas do dia-a-dia que fazem a vida valer à pena.
Saí a convite de uma amiga recém conhecida, uma paulista simpática que está se adaptando tanto aos pampas que já toma mate com sol de 40º, fuma palheiro e está começando a falar os ‘e’ invés dos ‘i’ no final de palavras como ‘dente’, ‘gente’ ou ‘leite’. Só ainda não consegui convencê-la de que Santa Catarina é o melhor estado do país, já que separa o Rio Grande do Sul do resto do Brasil.
Rock’n’roll ao vivo, cerveja, gente tatuada, bilhar, cerveja, gente falando sobre temas tão díspares quanto capas de LPs ou professores da faculdade, mais cerveja... a noite só não foi mais completa porque o guitarrista da banda conseguiu a façanha de derrubar a própria bebida no amplificador, a um só tempo matando a possibilidade do show continuar (embora eu tivesse sugerido que cantassem à capela) e quase morrendo eletrocutado.
Terminei a noite em grande estilo, me espichando sozinho no colchão, com direito a coçar a barriga de cerveja, babar no travesseiro e roncar como um trator. Liberdade é isso aí, ‘born to be wild’ na veia!

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